O monge eo executivo
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O monge eo executivo
O monge eo executivo
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PRÓLOGO
As idéias que defendo não são minhas. Eu as tomei emprestadas de Sócrates, roubei-as de Chesterfield, fartei-as de Jesus. E se você não gostar das idéias deles, quais seriam as idéias que você usaria? – DALE CARNEGIE
AESCOLHAFOI MINHA. Ninguém mais é responsável por minha partida. Olhando para trás, acho quase impossível acreditar que eu — um superocupado gerente-geral de uma grande indústria – tenha deixado a fábrica para passar uma semana inteira num mosteiro ao norte de Michigan. Sim, foi isso mesmo. Um mosteiro autêntico, cercado por um belíssimo Jardim, com frades, cinco serviços religiosos por dia, cânticos, liturgias, comunhão, alojamentos comunitários. Por favor, compreenda, não foi fácil. Eu resisti o quanto pude, esperneando de todas as maneiras. Mas, afinal, escolhi ir.
"SIMEÃO" era um nome que me perseguia desde que nasci. Quando criança, fui balizado na igreja luterana local. A certidão de batismo mostrava que o versículo da Bíblia escolhido para a cerimônia pertencia ao segundo capítulo de Lucas, a respeito de um homem chamado Simeão. De acordo com Lucas, Simeão foi "um homem muito correto e devoto, possuído pelo Espírito Santo". Aparentemente ele teve uma inspiração sobre a vinda do Messias ou qualquer coisa do gênero que nunca entendi. Este foi meu primeiro encontro com Simeão. Ao final da oitava série fui crismado na igreja luterana. O pastor escolheu um verso da Bíblia para cada candidato à confirmação, e quando chegou minha vez leu em voz alta o mesmo trecho de Lucas sobre Simeão. "Coincidência bem estranha", lembro-me de ter pensado na época. Logo depois - e durante os vinte e cinco anos seguintes - tive um sonho
recorrente que acabou me atemorizando. No sonho, é tarde da noite e eu estou
completamente perdido, correndo num cemitério. Embora não possa ver o que
está me perseguindo, sei que é o mal, alguma coisa querendo me causar
grande dano. De repente, um homem vestido com um manto negro aparece na
minha frente, vindo de trás de um grande crucifixo de concreto. Quando esbarro
nele, o homem muito velho me agarra pêlos ombros, olha-me nos olhos e grita:
"Ache Simeão - ache Simeão e ouça-o!" Eu sempre acordava nessa hora,
suando frio. Para completar, no dia do meu casamento o pastor se referiu a
essa figura bíblica durante sua breve homilia. Fiquei tão atordoado que cheguei
a confundir-me na hora de pronunciar os votos, o que foi bastante
constrangedor.
Na realidade, eu nunca soube ao certo se havia algum significado para todas
essas "coincidências" envolvendo o nome de Simeão. Minha mulher, Raquel,
sempre esteve convencida de que havia.
NO FINAL DOS ANOS 1990, eu me sentia num momento de glória. Estava
empregado em uma importante indústria de vidro plano e era gerente-geral de
uma fábrica com mais de quinhentos funcionários e mais de cem milhões de
dólares em vendas anuais. Quando fui promovido ao cargo, tornei-me o mais
jovem gerente-geral da história da companhia, fato de que ainda muito me
orgulho. Tinha bastante autonomia de trabalho e um bom salário, acrescido de
bônus sempre que atingisse as metas da empresa.
Eu e Rachel, minha linda mulher com quem estou casado há dezoito anos,
nos conhecemos na Universidade Valparaíso, no estado de Indiana, onde me
formei em Administração de Empresas, e ela, em Psicologia. Queríamos muito
ter filhos e lutamos contra a infertilidade durante vários anos, de todas as
maneiras. Rachel sofria muito com a infertilidade, e nunca abandonou a
esperança de ter filhos. Muitas vezes a surpreendi rezando, pedindo um filho.
Então, em circunstâncias raras mas maravilhosas, adotamos um menino
assim que nasceu, lhe demos o nome de John (como eu) e ele se tornou
nosso "milagre". Dois anos depois, Rachel inesperadamente ficou grávida, e
Sara, nosso outro "milagre", nasceu.
Aos quatorze anos, John Jr. estava iniciando a nona série, e Sara, a sétima.
Desde o dia em que adotamos John, Rachel passou a trabalhar em seu
consultório de psicologia apenas um dia na semana, pois achávamos que era
importante ela dedicar-se o mais possível a nosso filho. Por outro lado, esse
dia de trabalho lhe proporcionava uma pausa na rotina de mãe, permitindo que
ela mantivesse sua prática profissional. A vida parecia muito equilibrada em
todos os sentidos, e nós nos sentíamos gratos por isso.
Além do apartamento na cidade, tínhamos uma casa muito bonita à beira do
lago Erie, onde navegávamos num barco à vela ou que percorríamos em jet ski.
Havia dois carros novos na garagem, tirávamos férias duas vezes por ano, e
ainda conseguíamos acumular uma poupança respeitável.
Como eu disse, aparentemente a vida era muito boa, cheia de muitas
satisfações.
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